"E de repente a vida te vira do avesso, e você descobre que o avesso, é o seu lado certo." (Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Missão Cumprida!


   

Há dois anos eu começava uma nova etapa em minha vida. No dia 3 de maio – dois dias antes do meu aniversário- , comecei a trabalhar no meu primeiro emprego e, conforme  planejado, na área profissional que eu escolhi: o jornalismo!
Lembro quando cheguei na redação para fazer o teste que valia tudo ou nada. Era uma hora daquelas em que todos estão a polvorosa no meio da tarde. Os repórteres confirmando informações por telefone e saindo para as pautas, editores cobrando horários, alinhando o fechamento das páginas, ramais tocando ao mesmo tempo, pessoas circulando próximo ao computador que eu estava e, o Word com a tela branca na minha frente. Confesso que fiquei assustada com aquela agitação toda! Até então, a única redação de jornal que eu conhecia, era aquela que aparece atrás dos apresentadores dos telejornais e, pela TV, não dá para ver nem um mínimo do sufoco que é colocar um jornal no ar, ou, para circular.
   Recebi duas pautas. Uma era sobre a precariedade do transporte coletivo e a outra era uma pauta da editoria de comportamento da “Revista Tudo!”, que chamamos de pauta fria. A proposta era falar das mães que também exercem o papel de pai e, dos pais, que também exercem o papel de mãe. Avalio como o meu primeiro teste conseguir produzir as duas matérias dentro da redação, já que eu não era acostumada a me concentrar com barulho. Nesse dia eu consegui! Pelo o que eu me lembro, foi uma das primeiras vezes. Quem sabe um sinal de que ia dar certo e eu teria que me acostumar! Embora apreensiva, como toda boa primeira vez em algo, eu entreguei as matérias confiante. Depois de entregues, a editora pediu para eu aguardar, pois ela tinha pressa e queria me dar uma resposta imediata.
   Enquanto esperava, fiquei observando cada movimento daquele lugar, que era a prática do que eu via na faculdade, ainda no terceiro período do curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo. Escrevi em um pedaço de papel: Seja o que Deus quiser! Depois de quase uma hora, eu ouvi: Você começa amanhã! E, Ele quis! Surgia então, uma nova estagiária com fome de aprender.
  A matéria do teste foi publicada na edição daquela semana da revista. No entanto, no terceiro período da faculdade, você viu ainda bem pouco do que precisa saber para se dar bem no mercado. Eu tinha consciência de que seria um desafio a cada dia, mas, tinha certeza de que iria conseguir vencê-los, pois, força e vontade eram o que eu mais dispunha naquele momento. As pautas começaram a chegar, as matérias começaram a sair e, nada como você ver sua primeira matéria assinada ser publicada. Meus caros colegas de estágio sabem disso. É emocionante! Depois você se acostuma, mas as primeiras... A cada pauta que eu marcava, ou, a cada entrevista que eu fazia, aprendia uma pouco do que eu precisava saber para obter os resultados que eu pretendia.
   Com o tempo além do deslumbre da profissão, comecei a constatar que acertei na escolha que havia feito aos 14 anos de idade, ainda na oitava série do Ensino Fundamental quando decidi que faria jornalismo. Comecei a aprender o que a faculdade não ensina, como a arte de ser ágil em uma redação, ou, o desafio de escrever três matérias ao mesmo tempo e, ainda, como sobreviver aos plantões de final de semana! Tem que gostar da dinamicidade do jornalismo e, principalmente, das coisas que ele te impõe. Da rotina que não é rotina, porquê todo dia existe uma coisa nova; dos malabarismos que fazemos para conciliar horários com as fontes; das necessidades que temos de investigar, apurar, questionar até ter certeza de que a informação é verídica; dos finais de semana sem cara de final de semana; das matérias de três laudas; do tempo curto para produzi-las. Enfim! Do corre-corre diário... Não é fácil! Mas é gratificante!
  Meu pai desde o início sempre fez questão de dizer que não queria que eu fizesse jornalismo. Eu, desde o início, não me via fazendo outra coisa. Hoje, até nele, vejo uma ponta de orgulho por eu ter começado a trabalhar cedo. Se bem que dizem que estágio não é trabalho. Só que isso não é verdade! Eu garanto que estágio é trabalho, dá trabalho e acumula trabalho. Porém, antes de tudo é aprendizado, superação e conquista!
  Em dois anos aprendi muito! Cheguei com uma bagagem de autodidata, talvez. Com a habilidade de alguém que sempre gostou de escrever. Mas o olhar crítico da notícia, o faro para ou que rende e o que não rende. As técnicas que vão além da gramática, como o lead e, dentre outras coisas. Isso eu tive que aprender! E se eu fosse avaliar, diria que “tirei de letra”.
   Em dois anos, foram cerca de 400 matérias para a Revista Tudo, que é semanal, tem 16 páginas e por semana saia entre cinco a seis matérias. E não consegui fazer o levantamento de em média quantas para o plantão. Tive a oportunidade de conhecer o exercício do editor, aprender a maneira correta de editar e realizar o fechamento do caderno. Entrevistei pessoas importantes, renomadas, cobri eventos de destaque regional, assinei matérias de capa. Sai para pautas para falar desde buracos nas ruas da cidade, páginas policiais, até às pompas das lojas da Avenida dos Holandeses. Por falar em página policial, elas nunca foram pautas corriqueiras para mim. Porém, em uma ocasião, fui cobrir um achado de cadáver na Estrada da Raposa, e posso dizer que foi uma das primeiras vezes que tive que lidar com a frieza que o jornalismo exige em dados momentos. Mantive a “frieza”, a razão e, conclui minha apuração. Depois, no caminho de volta, que me permiti a sensação de ver um corpo daquele jeito pela primeira vez.
   Hoje, 3 de maio de 2013, se passaram dois anos! Tempo mais que suficiente para vivenciar tudo isso! Cumpri o prazo máximo de um contrato, que em outras palavras, foi o primeiro passo de um longo caminho que hei de percorrer. Sem dúvidas, o maior presente, dos meus 19 anos, foi começar a trabalhar aquele dois dias antes do meu aniversário. Hoje, com o pé já nos 21 e, há 28 dias de entregar o TCC e concluir o curso, digo com certeza: Valeu a pena! Estou quase cruzando a linha de chegada e trago na bagagem tudo o que eu aprendi no campo.
  Ao Jornal O Imparcial que acreditou e apostou em mim, aos editores que trabalharam comigo, aos repórteres amigos e, principalmente a Deus, agradeço por esses dois anos de estágio, que como repórter, tive a oportunidade de crescer e desenvolver minhas habilidades enquanto profissional!   

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sem resoluções

       Não sei se é algo do instituto humano, mas as resoluções fazem parte de cada fio de rotina que nos envolve no dia. Cada situação e circunstância passa por um tipo de peneira que há em nossa mente. Pelos buraquinhos passa o que há de ser resolvido e, na peneira, fica os fatos. Por vezes nós atentamos mais para eles, os problemas, do que para os próprios fios da meada.
       Tudo bem que nos caiba a parte de resolver, solucionar, mas dai o problema se achar no direito de permanecer em nossa mente e subconsciente tomando conta dos mais súbitos pensamentos, ai é demais! Não faço ideia de como seria a vida sem eles, mas posso jurar que mais da metade do que se chama de sociedade, estaria bem melhor sem resoluções.
       Não atentamos, mas tentar resolver as coisas do dia e, até do ano, tomam muito tempo e fica chato! Se você como eu é o tipo de pessoa pró-ativa ( é definido como sendo um conjunto de comportamentos extrapapel em que a pessoa busca espontaneamente por mudanças em todo ambiente que faz parte, solucionando e antecipando-se aos problemas, visando metas de longo prazo que beneficiam a organização),  então sabe que pode ser ainda pior. Muitos buscam pela pró atividade, mas nós sabemos, não é tão bom assim... Estamos (espontaneamente, como diz o significado da palavra), sempre buscando por soluções, melhoras, progresso e, a curiosidade é: não só da nossa vida direta, mas em tudo o que nos cerca.
      Por um lado é ótimo não depender que a nossa fluidez dependa de alguém orientando tudo o que devemos fazer, por outro, parece que a mente nunca para de trabalhar. Por tantas soluções e resoluções, eu pensava que ninguém podia iniciar um ano sem traçar metas e caminhos. Sempre fiz a lisitinha com as ''Resoluções de Ano Novo'', aquela onde traçamos objetivos para cumprir no ano que se inicia. Mas esse ano Não! Disse não a ela, embora a de 2012 tenha sido cumprida com louvor.
      Lógico que estou cheia de sonhos e planos, no entanto uma decisão me deu um pontapé dias antes que atencederam a virada: Estarei mais diposta a tirar mais as coisas do meu controle e colocar no controle de Deus. É, porque querendo ou não, traços da nossa personalidade ou, do instinto humano, como já disse, acaba atrapalhando querendo sempre planejar e resolver, resolver,resolver... Quando nos damos conta estamos tomados por um cansaço que não nos pertenceria, se tivéssemos confiado um pouco mais no que chamo de propósito de Deus. 
          Os braços do Senhor nos são uma torre segura. Logo, posso não saber o que emergirá diante de mim no futuro, mas o que importa é onde me encontro no presente. Eu não preciso saber para onde estou indo, se quem está no controle é o próprio Deus. Neste caso, minha tarefa é apenas estar com Ele e descansar no seu cuidado para comigo.
      Foi assim que, para o escândalo de muitos, iniciei este ano como um dos anos mais “sem propósito” e “por acaso” da minha vida! E, ao mesmo tempo, sinto como se tivesse traçado mil planos, só por decidir que o meu único seria: Viver os planos Dele! Não tenho claro em minha mente se existem grandes mudanças que devo efetuar, muito menos se existem novos projetos nos quais devo me envolver; tampouco estabeleci grandes metas pessoais, familiares ou profissionais. Envolvido pelos braços fortes e amorosos de Deus, fui convidado a simplesmente estar e descansar Nele. SEM muitas RESOLUÇÕES! Entendi que este era o meu projeto. Mas, para não deixar por demais desesperados os superativos como eu, ou gerar um espanto demasiado àqueles que me cercam e bem me conhecem, preciso concluir dizendo:que estar em Deus e descansar em seu amor não torna nossas vidas vazias, sem trabalhos ou demandas.O que muda é a fonte de onde emanam as forças para os desafios que emergem e as adversidades que nos assaltam.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A vida é um sopro



De fato. E só percebemos isso quando vemos tanta coisa mudando em pouquíssimo tempo. Essa semana a minha avó querida fez 77 anos. A casa estava cheia, nos três turnos do dia. A noitinha uma prima disse: "É... em 77 anos ela conheceu muita gente, fora os filhos e um tanto de neto." Se em 20 já vi, ouvi e vivi um tanto, quanto mais Dona Lili...

Ontem, a notícia da morte de Oscar Niemeyer rendeu inúmeras homenagens ao arquiteto, até então mais ''velho'' do mundo. No dia cinco, dez dias antes de completar cento e cinco anos, ele faleceu. O que tem a ver a coincidência do cinco? Nada! Mas como não refletir sobre esse tanto de vida, do dono da frase "a vida é um sopro". Que ironia! Se a vida dele foi um sopro, haja fôlego para soprar 105 anos...
Quisera eu. Se hoje já possuo recordações aglomeradas em instantes que queria que não passassem, imagina se conseguisse viver isso tudo! Oscar dizia que o segredo para manter a lucidez na idade dele, era manter a memória em dia. Uma boa, recordar é realmente viver!

Em tempos modernos, onde as coisas ganham uma efemeridade cada vez mais espantosa, a vida virou corre, corre. Atividade, compromisso, responsabilidade. Eu lembro que o ano começou outro dia e já termina daqui há 24. 2012 de quase duas mil e doze lutas... Salvo a maneira hiperbólica de falar, foi um ano de lutas e conquistas, quase duas mil e doze também e, outras mais que ficaram para o ano que vem! Mas se o assunto é vida, deixa essa retrospectiva para um próximo post.

Vida que muda, que evolui, que passa. A minha mudou muito esses últimos 1 mês e 10 dias depois de casada. Essa nova vida em nada me assusta, mas consome, consome muito! Deve ser sopro também... Sopro leve, prazeroso! Trabalho dá, mas o que não dá trabalho na vida? “A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem”, mais uma de Niemeyer que se encaixa nessa nova fase. Dá para perceber que se a arquitetura não tivesse dado certo para ele, o ser poeta garantiria o pão de cada dia. Ainda bem que jornalismo também está dando certo para mim. É preciso acertar nas escolhas dessa vida. A minha mãe sempre diz que a vida é uma escola e, nós, alunos, precisamos estar dispostos a aprender. De tanto estar, tenho aprendido. E muito!

A vida nos leva pra onde ela quer. Mas nós precisamos saber o que queremos dela. “Cada um vem, escreve sua historinha e vai embora. Não vejo segredo em levar a vida”, acho que por pensar isso que ele conseguiu levar a vida por um século e mais quatro anos... Realmente não devemos ver segredo em levá-la, desde que seja para um futuro certo e não a qualquer eira nem beira. Esqueça a preguiça de levantar da cama. Viva hoje e viva já! O passado chega tão rápido e, o presente (nome tão sugestivo), não costuma esperar.


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Pra que outros possam viver

"Existe algo de muito errado em nosso meio. Algo de muito errado em meio aquilo que chamamos de evangelho do reino de Deus. O evangelho é do reino de Deus, não  evangelho do reino dos homens para os próprios homens. Não o evangelho do reino desta terra, para essa terra, do seu reino para você mesmo.
E o povo, por falta de líderes que preguem o que o povo PRECISA ouvir e não o que o povo quer ouvir, está adorando outros bezerros de ouro... E o maior bezerro de ouro dos nossos dias é a benção! É a vitória, é a conquista, a prosperidade, a sáude. É "o meu bem-estar", "o meu conforto", a "minha necessidade", é "o meu reino", é "a minha vida".

Porque é muito óbvio que Deus está muito mais preocupado com o meu ego, que Deus está mais preocupado em colocar dinheiro nas minhas mãos para eu comprar coisas caras e tolas, do que está preocupado em colocar recursos sob os meus cuidados, para eu possa de alguma maneira aliviar a dor do aflitos. Porque Deus é tão bom pra mim que Ele prefere que eu compre pra mim, o meu centésimo par de sapatos, do que eu compre umas marmitas para dar de comer as crianças de rua. Porque o importante é eu encher o meu celeiro até onde der! O importante é "o meu reino", "a minha vontade". Eu trabalhei, eu suei. Não foi Deus que me abençoou não, foi eu que ganhei, é justo! (...)

Mas não existe a campanha do "negue-se a si mesmo". Você não está de olho no reino de Deus, mas no reino dos homens. Jesus chamando os díscipulos disse: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome  a sua cruz e siga-me!" SE QUISER, se quiser... Portanto "Quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida por minha causa achá-la-á. Que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Mateus 16.25-26). Quem viver de olho nos tesouros desse mundo, receberá somente aquilo que esse mundo é capaz de dar... Mas quem viver nos olhos fixos no tesouro eterno, esse haverá de receber aquilo que a eternidade tem para dar."

Trecho da pregação - ''Pra que outros possam viver'' -  Pr. Juliano Son (Livres para Adorar)

VALE MUITO a pena conferir a íntegra! Segue o vídeo:



ONDE ESTÁ A IGREJA?! ONDE ESTÁ A VOZ PROFÉTICA?

SABE POR QUE VOCÊ SE RECUSA A NEGAR-SE A SI MESMO E ENTREGAR O CONTROLE DA SUA VIDA A DEUS? PORQUE VOCÊ ESTA PENSANDO DEMAIS NESSA VIDA...

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Aos 20.



Desse caminho de níveis elevados a cada um vencido, dos obstáculos de correr contra o tempo, fica na paisagem o verde indo pra trás, com tanta coisa caindo por terra: tá tudo quase, quase, quase maduro. Demora pra aceitar, mas o ruim pinta na vida, como um alerta para o quanto não cabemos mais dentro dessa versão praticamente ultrapassada nossa que merece reajustes.

É  o tempo que passa... Sinônimo da palavra amigos torna-se "poucos e bons" no dicionário próprio. Desperdiçar confiança por aí com quem não merece nem ao menos um pingo, se torna lei. Afinal, os monstros estão a solta, e muitas vezes possuem pele, osso, nome, sobrenome e uma maldade assustadora. Debaixo da cama, apenas algum sapato esquecido e só. Até o abajur a gente aposenta. Passa a não trocar a tranquilidade de um jantar ou cinema, pelas antes recorrentes necessárias festas, agitações ou qualquer outro tipo de programações mais... barulhentas
.

Decidir e ter planos de viver sob um teto todo seu (pequeno),  mas onde possa pintar uma parede de carmim, outra de lilás, fazer o que bem entender e levar quem quiser. Tem a ver também com começar a escolher a própria comida e se, a oferecida não satisfizer, estar disposta a pagar por isso. Mesmo sabendo que nunca trocaria a comidinha da mamãe por nada.
Aliás, dinheiro é um tema que muda bastante na nossa cabecinha antes, tão oca. Contas e mais contas com nosso nome sobrenome começam a brotar no correio. Cartões de magazines e crédito, internet, celular. Dói ver o dinheiro indo praticamente pelo cano. É terrível ficar em filas todo santo começo de mês. A vida de gente grande nos suga todo dinheiro, pede orçamento e nos faz atentos ao que comprar ou não, qual a melhor data, e, às vezes, pesquisar preços. Pra quem antes achava fácil ir lá e querer sapato novo, exigir maquiagem da melhor qualidade, uma roupa nova por semana, a mudança é grande. Gritante.

Os horários passam a ficar apertados. O trabalho vira algo que, além de nos sustentar, nos faz aprendizes - e é, então, essencial! Conciliar família, faculdade, namorado, estágio, exercícios físicos, igreja, loucuras próprias, projetos paralelos e cuidados de beleza é o grande desafio! Economizar, cada vez mais, é preciso. Amadurecer é ver menininha chorando por cada bobagem fútil e, por dentro, rir. Enquantode, também observa que os pequenos querem ser grande, cada vez mais precoces.
Ter pena do vazio de uma vida onde se acha que sabe de tudo, mas que, logo mais se verá que nem mesmo o máximo que se pensava saber, não passa de um mínimo para sobreviver sozinha. É ir ao médico sozinha, se virar pela cidade também na própria companhia, catando enlouquecida ruas e bairros, avenidas e locais pedindo informação.

A gente se torna também um pouco mais zen e deixa a amiga serenidade não só bater na porta, mas também entrar e fazer morada.  Sentir o amor, cada vez mais próprio, na fala mansa que é cada vez mais eloquente e menos burra, para ser então pensante: ao invés de surtar e causar briga desnecessária.
A ordem dos fatores muda, o resultado é melhor ainda: a luz no fim do túnel, cada vez mais próxima, os sonhos cada vez mais perto de se tornar reais, tão claro na gente aquilo que é bom e importa: crescer dói, mas devem ter esquecido de contar as vantagens de uma vida mais libertária e independente a Peter Pan, só pode ser.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

SILÊNCIO! A inveja tem sono leve





Não há nada de errado em ser feliz, ter amizades saudáveis, uma história de amor para contar, cabelos e unhas bonitas e, alguns por menores em detalhes. Expor isso é que incomoda, incomoda muito mais!
Tem que ficar quietinha, conter o sorriso, frear as palavras, engavetar os detalhes todos daquilo que nos compõe livres, leves e soltas! Porque, lá no fundo, a gente sabe - só não se segura e comenta com pessoas linguarudas de vez em quando pra desafiar o perigo, tirar dos ombros o peso de um segredo que nos faz feliz, desses que aumentam os decibéis da inveja de quem escuta e nos vê pairando ruas a dentro -, que o bom da vida não é para ser compartilhado aos quantro ventos (mesmo que virtuais), pois nem todos estão prontos para sorrir com você.

Ser feliz incomoda pela abstrata diferença entre quem considera todos os dias uma merda e, quem nem liga tanto quando por mais difícil que as coisas sejam, encontra-se um jeito para extrair delas o melhor que se pode. Ache um amor pra vida e seja objeto do resto de mal amados e cotovelos doloridos. Trabalhe naquilo que ame, com afinco, sucesso, dinheiro e tempo livre: terão os odiosos prazer em detestar alguém assim, contente naquilo que para o resto de todos é pura parte responsável de vida. Ter um corpo bacana, viajar sempre que quiser, puder e sem parar, adquirir o carro do momento ou simplesmente, ter talento e um pouco de sorte para conseguir sobreviver a um bufê de olhos gordos, línguas grandes e afiadas e cabeças quentes de olhos furados pelo seu espírito de paz. Tão fácil compreender o modo alegria que, a maioria se nega.

Receita não existe, conselho é tudo furada. Portanto: sejamos insuportáveis, de tão felizes! Claro que nem tudo está sempre uma maravilha. A gente às vezes pega ônibus errado, taxista oportunista, esquece pertences e dá um azar quando menos poderíamos. Ou ficamos doentes e temos a visão do mundo em slow motion, perdemos dinheiro, somos vítimas de uma chuva daquelas desprevenidos. Porém, não importa! Lembra daquele sorriso bom trocado no carro? Das frases curtas de amor antes de dormir? Do abração tamanho GG daquela amiga? Do elogio daquele professor difícil e carrasco? Incrível mesmo como a sorte passa pela gente e, distraídos num muro de lamentações sem saída, toca de leve e ninguém sente.

O fato é que gente naja vai estar sempre a solta e à espera de um tropeço, da baixa imunidade da sua auto-estima, do dedinho preso na porta do carro e o uivo de dor com a codificação da sua voz. Elixir, remédio, prevenção: sorria, meu bem! Sempre que possível.
Não é falso sempre, porque por mais que decline um dos lados da vida, há outro em primeiríssimo em cima de um pedestal do bom dessa vida. Basta que não deixemos de olhar pra fita no dedo, pro balanço final momentâneo da existência, mensagem bonita salva no celular, visita inesperada num final de tarde com sol se pondo... E olhar pra cima, encontrar motivos coerentes para agradecer. As najas que saiam feridas com o próprio veneno, quem veio pra esse mundo que faça o favor a si mesmo de ser feliz e mais reservado também, pois se você bem souber o quanto existe um limite para certos tipos de exposição em redes sociais e até vida real mesmo, saberá manter a privacidade de todos os bons momentos e, assim, perder menos tempo lamentando a inveja alheia.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Performances





No pacote recém aberto de quando nasci, podia se ver cada vez com maior clareza, o passar dos anos, o aviso grandioso de: cuidado, frágil. Na natureza que moldou minhas intempestivas reações e, tantas outras detalhadamente pensadas, era anunciada que o jeito de ser seria este e não havia chance de voltar atrás: com condimentos.
Fora da neutralidade, com tanta pimenta que chega a doer o olhar alheio. Abundância em sal, que é pra ter gosto e dar sabor a quem prova. As vezes doses a mais de açúcar. Satisfação a quem oportunidade de contato tem - mesmo que depois, litros e litros de água sejam então sorvidos. Aquela coisa talvez banalizada, mas aqui realmente seguida à risca: ame ou deixe! Se ficar, que seja para fazer parte do banquete de sensações ainda improváveis. Se for, corro até o risco de sentir falta, mas me adaptarei e, dependendo do grau de afinidade, um dia não terei mais saudade.

É preciso que tanto minha parte fria, quanto o calor dos meus atos seja sorvido, aos poucos, com toda parcimônia possível. Que se feche as portas, e retire o cardápio das mãos, quando a agressividade bater. E depois de ingerida, compreendida seja. Minutos depois, a mesma facilidade ao riso, e à ironia; o de sempre. Na têmpera em que fui criada, o experimento entre misturar intensidade com volubilidade deu na bomba que é ter personalidade demais, para o não muito de vivência que até aqui desempenhei. Para toda essa gente que finge ser uma coisa, e na verdade é o oposto. Pra quem come pelas beiradas, e acaba se alimentando de restos mal cozidos. Intempestiva, incluo em segredo, em alguma linguagem que apenas quem sente com todo o caráter pega a senha e tem acesso.

Caso o sol saia, irradio na sala vibrante, querendo que se contagiem todos com a beleza do dia todo ainda pela frente. Se chover, vou comemorar o vento frio, o dia nublado e a preguiça que esses dias proporcionam. Se hoje te abraço, é preciso que você me dê colo até que saia forte e cordial, dos mimos que preciso. Sem tal toque, me recolho e apenas me abro a quem não promete, e sim cumpre, age!
Irritadiça, resolvo num lampejo e com urgência as pendências que se apresentam. Relaxo, e sorrio, anestesiada. Colérica, quero o mundo, e quero já. Com algum sapato ou chocolate, quem sabe vestido ou maquiagem, sossego. Tudo porque o impulso é meu trampolim, e não canso de mergulhar ao fundo do que se misteria cada vez mais, e não encontro nunca as tais respostas corretas.

No adubo onde floresci, havia ainda um primeiro adendo, que esqueceram de inserir em meu manual de instruções - já perdido por aí, à esta altura do campeonato - e que em letras garrafais, proferia: cuidado! Especialmente no meio de cada mês, quando contrariada, ou acordada com o telefone tocando sem parar. O aviso é possível, mas ainda desconheço quem ao ver a flor quieta, calma e em seu lugar não aventurou o dedo e terminou a visita com sangue jorrando. Perigo de quem se aventura, recompensa de quem perdura. Quem êxito tem, não vive sem!